quarta-feira, 20 de outubro de 2010

“Se não pudermos vencer no relvado, vamos vencer no mercado…”

- Burocratas! Esses tipos da Liga não passam de uns funcionários públicos, uns tangas de alpaca, enfim, isso, vocês sabem o que eu quero dizer... Epa, é este o triste “state of art” do futebol português. Mas, se não os pudermos vencer no relvado, vamos vencê-los no mercado. É que aí, meus amigos, aí eu sinto-me como peixe dentro do escabeche, ou lá o que é … - declarou confiante o Presidente, enquanto arquivava o ofício da Liga informando sobre a rejeição da Candidatura ao Título de Campeão 2010/2011 da Liga.

- Mas, como? Em que é que está a pensar, Presidente? – questionou surpreendido o Director de Futebol.

- Aaaah, meu amigo, bem, aah, neste momento, bem, neste momento, não me ocorre nada. Mas, long, long, time ago, depois de ter lido aquele genial e oportuno livro do João Sendeiro “Como vencer nos mercados”, tive uma ideia inspiradora. Sim, vá lá, vá lá, peço-vos um pouco de contenção, estou mesmo a falar a sério. Dizia eu, então, que tive uma visão inspiradora: criar um fundo compósito de jogadores que valorizasse apenas as suas melhores características. Como "time is funny", logo no início da época, dei orientações ao nosso Director Financeiro para criar esse fundo compósito integrando a velocidade do Djaló, a capacidade técnica do Postiga e a combatividade do Grimi.

E, meus amigos, a partir de agora, é sempre a abrir! A mão invisível dos mercados empurra-nos para o sucesso! Foi difícil suportar tantas críticas injustas, mas ainda bem que nunca desisti de acreditar na minha máxima preferida do Manual de Emprendedorismo para Tótos: “Falhe logo… para que possa ter sucesso mais cedo. Não se preocupe com os erros; só tem que estar certo uma vez!”. Enfim, veni, vidi, vici, como cantavam os Da Vinci, ou lá quem era… – delirou, eufórico, o Presidente.

- Aaah, huuum, Presidente, aham, receio não ter… boas notícias… - murmurou o Director Financeiro. A CMVM informou-nos, na semana passada, que recusou a criação do fundo proposto pelo Presidente devido aos seus elevados níveis de toxicidade potencial. Afinal, perguntam eles, quem se arrisca a ficar, depois, com a técnica de recepção de bola do Djaló, com a eficácia de concretização do Postiga, ou com a coordenação motora do Grimi? Enfim, confesso que ainda não conseguimos encontrar uma boa resposta para isto…

- Epa, não pode ser! Estou farto disto! Basta! – disse o Presidente, furibundo, enquanto dava um murro na mesa. De seguida, sentiu uma forte dor no antebraço, derrubou o candeeiro da mesinha de cabeceira e… acordou estremunhado: Ufa – suspirou - ainda bem que... tudo não passava de um pesadelo…

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